quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Review de pedais - MXR Phase 90 - Marcos “Lelo” Craveiro





O Phase 90 é um clássico entre os pedais de modulação, popularizado por vários guitarristas nos anos 70, entre eles, David Gilmour, Keith Richards, Jimmy Page, Brian May e posteriormente e de forma mais notória, por Eddie Van Halen. Simples, com apenas um botão que regula a velocidade do efeito, é praticamente um “plug and play”.
Existem modelos como o Phase 90 ”Script Logo” (com e sem led) e os tais “Block Logo” (que é o que possuo e posterior à versão Script Logo) que são reconhecíveis pela maneira como o nome “phase 90” está escrito, além de sutis diferenças timbrísticas que não saberia descrever com exatidão. Existe também a versão do Eddie Van Halen, “EVH 90 Phase 90 ” com suas tradicionais listras e um “script switch” que permite alternar entre o som do phase script e o do block logo.  O pedal ilustrado aqui é o BLOCK LOGO.
O Phase 90 soa orgânico e pronunciado, mas não chega ao phases profundos ou pirações modernas que alguns modelos de outras marcas possuem. Se você está à procura de experimentações, de criar “sons novos” com phaser, este pedal pode não ser a melhor opção. Porém, se procura um phaser na medida certa e não está querendo complicações, o Phase 90 parece o pedal ideal.
Quando comecei a me interessar em colocar modulações e ambiências no meu board, procurei alguns efeitos que pudessem me dar o que ouvia em gravações dos guitarristas que admirava. Já em alguns casos, fugi disso, queria versatilidade, como no caso do flanger e do delay, mas ao chegar no phaser, me soou definitivo a opção por um som final orgânico, gordo, “espumante”, como diz um velho amigo, e, principalmente, um som “clássico”. Alguns modelos como o BOSS ou o Digitech Hyper Phase, por exemplo, me davam muito mais opções, sons experimentais e etc., mas não me traziam estas desejadas características de timbre citadas anteriormente. Bastaram 5 minutos tocando alguns riffs e solos conhecidos com um phase 90 para eu saber que se tratava do pedal definitivo pro meu universo musical.
Lembro de executar a introdução de “Achilles Last Stand”, do Led Zeppelin, e sentir que tinha ali o timbre exato, sem precisar de nenhum ajuste, assim como vários trechos de canções dos Rolling Stones, Pink Floyd e Queen, e, por fim, os clássicos do Van Halen, que não deixam dúvidas na escolha timbrística.
O pedal, porém, tem uma característica não tão desejável para alguns que é o fato de dar um boost nos médios em determinadas condições. Existem “mods” (modificações) simples que eliminam isto, transformando-o em algo mais próximo do antigo “phase 90 script logo” (não idêntico em todas suas características, porém, como salientei no início, não testei o antigo phase 90 o suficiente pra notar todas as similaridades e diferenças). A mais famosa “mod” trata-se da remoção do resistor R28 (http://www.eddievanhalen.com/images/uploads/MXR_p90_mod.jpg)         que promete atenuar a distorção causada nos médios. Não sendo suficiente, ainda há mais dicas que podem ser encontradas no Google (digite “phase 90 mods” que será possível encontrar várias referências com diagramas e fotos). Todas são muito simples, bastando, na maioria dos casos, apenas remover um resistor ou outro. Porém, se tiver curiosidade de experimentar, tenha certeza de que sabe manusear um ferro de solda pra não transformar uma experiência em uma catástrofe.
O pedal não é truebypass, mas não é um ladrão de sinal. Seu consumo é de 5mA. Um ponto que não gosto dos pedais da MXR é tanto a incômoda localização do JACK de força (na lateral, próximo do jack dos cabos) assim como a falta de uma tampa de fácil acesso para colocar uma bateria de 9v. Nesses modelos, é necessário desparafusar a tampa de baixo do pedal pra ter acesso ao compartimento da bateria. Sua carcaça, porém, é resistente, um “tanque de guerra”, e sobre seu tamanho, creio ser o ideal, diferentemente dos excelentes (porém gigantescos) pedais da Electro-Harmonix.
No vídeo a seguir, os trechos de algumas canções conhecidas utilizadas (e outros trechos com apenas improvisos) demonstram uma progressão do knob de velocidade (speed), sendo usado do início ao fim de seu curso, através de uma base rítmica lenta, passando por riffs nota por nota, mesclando ambas as coisas, usando o canal clean e o de drive do amp, leve overdrive, drive mais forte, bases utilizando captadores single-coil, usando humbucking, bases simulando uma quase “leslie” e etc..
Foi usado na gravação do vídeo um microfone MB3k Audio Technica, uma guitarra Fender Talon IV Heartfield (2HB Dimarzio Paf Prof - Neck / Bridge) e 1 SC fender (Middle) e um amp. Ultra Chorus Fender Solid State 130w.
Listo abaixo os trechos do vídeo com suas características, lembrando sempre que são aproximações das idéias das canções originais, quase sempre feitas apenas com o que me recordo das mesmas, e não cópias fiéis, já que a idéia é ter o pedal sendo utilizado em situações que soaram de modo eficiente:

►► SAMPLES (youtube)




 “Heaven” – Rolling Stones (Captador SC Bridge + Middle / amp. canal clean): o original não deve ser nenhuma dessas duas opções de caps (creio em se tratar obviamente de outra escolha de captação, além do que, foi usado um amp valvulado que gera uma levíssima base crunchada), mas esta base gravada aqui me serviu pra aproveitar exatamente aquele boost de médios que o pedal possui e que gera uma pequenina distorção no resultado final, que é o que eu pretendia demonstrar em um canal limpo do amplificador, além da velocidade da onda;
 “Keep Yourself Alive” – Queen (captador HB Bridge / amp. canal drive): a idéia aqui foi utilizar um riff conhecido onde o mesmo privilegia o efeito “indo e vindo”, como uma “cavalgada”. Percebe-se bem a onda atuando, além do que, é um riff clássico onde foi utilizado o phase;
 “The Rover” / “Achilles Last Stand” – Led Zeppelin (cap HB Bridge / amp. canal drive): banda clássica, canções idem. A primeira, um riff que em sua maior parte está calcado em nota por nota. Você percebe que a cada nota palhetada ele pega um determinado momento da onda, vocalizando de formas diferentes, e então passa pra uma base mais forte onde o efeito pode ser percebido por inteiro.
Em seguida, a intro de Achilles Last Stand, que também privilegia o efeito nota por nota, porém desta vez deixando-as soar dentro do arpejo dos acordes iniciais, dando a sensação de continuidade. Esta canção tem várias partes e muitas guitarras empilhadas. No trecho onde se percebe uma "subida de guitarras", que originalmente foi gravado com 2 guitarras, fiz um arranjo que simula duas guitarras, tocando duetos, e a cada duas notas vc observa a mudança da posição da onda do phase, o que gera um efeito muito bacana. Jimmy Page abusava do phase ao vivo, principalmente de 1975 em diante, embora nem sempre tendo um uso tão feliz quanto em estúdio, pois em alguns casos colocava o efeito onde ele não usava originalmente em estúdio. Este trecho de "Achilles..." me baseei tanto na versão de estúdio como no uso dele ao vivo;
► "Hot Stuff" / "Breathe (Reprise)" (R. Stones / Pink Floyd) (cap SC Neck + Middle – amp. canal drive): a primeira, uma base funk dos Stones bem anos 70, situação em que aliás várias bandas funks dos anos 70 usaram este efeito. Aproveitando a mesma setagem, uma "simulação" de um pequenino trecho de uma canção famosa do Pink Floyd, que não é bem um phase e nem sei bem se na gravação original trata-se de um tipo de univibe ou uma mescla com outros, mas, de qualquer forma, a idéia era mencionar que nesse caso o phase funciona a contento, ainda que não o ideal;
► "improviso 1" - (cap HB Neck - canal drive amp.): aqui a intenção era simular um "rotary-speaker", coisa bem "Deep Purple" e afins dos 70. Esta faixa de "speed", que compreende entre 13 e 15h do phase, associado a um bom drive, me lembra muito este tipo de efeito;
► "Good Morning Little School Girl" - (cap HB Neck + Bridge - canal drive amp.): riff de uma canção de Willie Dixon que foi regravada por Paul Rodgers, do Bad Company, juntamente com Jeff Beck. Assisti certa vez essa música ao vivo em um vídeo (o guitarrista então era o Neal Schon) que usava efeito similar. A idéia é uma continuação do exemplo anterior, porém mais sutil;
 "improviso 2" (cap SC Bridge + Middle - canal drive amp.): criei uma base qualquer pra mostrar o efeito com o "speed" no máximo. Efeito interessante, mas de talvez pouco uso.
     Bom, percorrido o knob de speed do começo ao fim, resolvi terminar o vídeo gravando 4 pequenos trechos/exemplos do Phase 90 em músicas do Van Halen - da fase "David Lee Roth" - quando o Eddie Van Halen popularizou este pedal:

 (cap HB Bridge - canal drive do amp + mid boost do amp ligado)

  Ordem dos trechos:

1- Intro de "Atomic Punk" (Eddie VH usa a palma da mão para esfregar as cordas e dar um efeito rítmico interessante e muito criativo com o Phase 90);
2- "Dance the Night Away" (trecho onde Eddie usa tapping pra gerar harmônicos juntamente com o Phase 90);
3- "Meanstreet" (trecho pré-solo);
4- "Ain´t Talkin´ ´Bout Love" (solo da canção. O detalhe é que nessa música Eddie usa tanto o Phase 90, da MXR, como também o excelente Flanger da mesma marca, alternando entre o Flanger na introdução pro Phase no solo. É fácil de confundir nas primeiras audições).

Abraços,
Marcos “Lelo” Craveiro

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